13 de mar. de 2012

Secas, Inundações e Água de Beber

Os impactos decorrentes das mudanças climáticas deverão provocar alterações na quantidade e na qualidade dos recursos hídricos. Em relação à quantidade, estudos realizados demonstram que a demanda por água tende a aumentar enquanto a disponibilidade hídrica tende a diminuir, principalmente nas regiões de baixas latitudes, como é caso do semi-árido brasileiro.

De acordo com apresentação feita pelo pesquisador do INPE e do IPCC Carlos Nobre na Agência Nacional de Águas, em 2007, 2,4 bilhões de pessoas vivem com saneamento inadequado e 1 bilhão sequer tem acesso à água potável de qualidade.

O diretor-técnico da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável, professor Eneas Salati, explica que com vazões mais baixas e temperaturas da água mais elevadas, serão intensificados os efeitos da poluição nos corpos hídricos, reduzindo ainda mais a disponibilidade e a qualidade hídrica. “Mesmo nas áreas em que houver aumento de vazões prevê-se uma diminuição da qualidade, tanto pelo aumento da temperatura como pela elevação da carga poluente proveniente do escoamento superficial e da superação da capacidade das estações de tratamento e dos sistemas de esgotamento sanitário”, diz.

Salati aponta que a alteração da temperatura atmosférica e oceânica deverá modificar a distribuição espacial e temporal dos índices de evaporação e de umidade no ar, potencializar eventos hidrológicos críticos, como chuvas mais intensas em determinadas regiões e secas mais prolongadas em áreas já castigadas pela escassez hídrica. A ocorrência de chuvas mais intensas tem como conseqüência a elevação do nível dos rios e o alagamento das várzeas, provocando enchentes.

Em áreas urbanas, a elevada impermeabilização do solo dificulta a absorção de água, potencializando as situações de inundação bem como de deslizamentos de encostas. Estiagens mais prolongadas poderão provocar situações de risco de colapso no abastecimento de água em várias regiões urbanas adensadas, inclusive nas principais metrópoles.

Outro problema a ser enfrentado nas áreas urbanas costeiras é a elevação do nível do mar e a intrusão de água salina nos lençóis subterrâneos que abastecem grande parte das cidades litorâneas do país.

O professor Eneas destaca que todos esses aspectos devem ser considerados no planejamento do uso dos recursos hídricos, devendo ainda serem estudadas estratégias para mitigação dos impactos desse processo. “Da mesma maneira, a elevação do nível do mar deverá demandar adequações nas cidades costeiras no tocante aos respectivos sistemas de drenagem, de esgotamento sanitário, entre outros”, conclui.

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