18 de mai. de 2011

Comércio internacional dificulta controle de emissões

Relatório da consultoria britânica Carbon Trust afirma que até 25% das emissões de gases do efeito estufa globais trafegam no formato de mercadorias sendo exportadas de países em desenvolvimento para as nações mais ricas


No final de abril, o estudo “Crescimento da transferência de emissões via comércio internacional entre 1990 e 2008” já afirmava que as comemoradas reduções nas emissões dos países mais ricos não eram verdadeiras, porque o que realmente ocorreu foi que setor industrializado dessas nações enviou suas fábricas para a Ásia e América latina, ou então perdeu espaço para competidores dessas regiões.


Segundo o próprio Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), as nações mais ricas reduziram em média 2% de suas emissões entre 1990 e 2008, porém se for considerada a importação de mercadorias, na realidade houve um aumento de 7%.

Confirmando esse cenário, a consultoria Carbon Trust divulgou nesta quinta-feira (12) um estudo chamado “International Carbon Flows” (Fluxo Internacional de Carbono), que afirma que até 25% das emissões mundiais viajam de país para país através do comércio internacional sem serem devidamente contabilizadas.

Por exemplo, enquanto a China exporta 23% de suas emissões, o Reino Unido importa um adicional de 34%. A previsão da Carbon Trust é que em 15 anos o Reino Unido esteja importando a mesma quantidade de carbono que produz nacionalmente.

Cerca de metade do fluxo do carbono está associado com o comércio de commodities, como aço, cimento e químicos, a outra metade é relacionada com produtos como motores, equipamentos industriais e roupas.

Esse fluxo tem um impacto significante nas emissões dos países, sendo que as grandes economias tendem a ser os maiores importadores. A França apresenta o equivalente a 43% de suas emissões agregadas a mercadorias importadas, a Alemanha 29%, o Japão 19% e os Estados Unidos 13%. O Brasil aparece como um exportador de emissões, com cerca de 15%.

A tendência é de que esses números se acentuem e que cada vez mais o monitoramento das emissões baseada apenas na produção industrial, como é feita pelo Protocolo de Quioto, estará equivocado. Segundo a Carbon Trust, em uma economia globalizada, os cálculos de emissões deveriam estar ligados ao consumo de bens e serviços.

Dessa forma, seria muito mais importante buscar uma cadeia de produção limpa, e caberia aos consumidores cobrarem das empresas um maior cuidado com as emissões de gases do efeito estufa.

“O carbono incorporado na cadeia de produção pode ser visto como uma oportunidade”, afirma o relatório, querendo dizer que as empresas que investirem em medidas de controle de emissões possuirão um diferencial comercial.

“O risco está em não agir nesse sentido, assim consumidores podem acabar buscando alternativas com um menor impacto climático e as companhias que ficarem para trás perderão mercado”, explica a Carbon Trust

Instituto CarbonoBrasil/Carbon Trust

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