29 de mai. de 2010

Desafio: energia competitiva e sustentável face às mudanças climáticas


O mundo passa por um momento de rearranjo das fontes energéticas em razão da volatilidade dos preços do petróleo. Nada indica que essa tendência venha a se modificar nos próximos anos.
Ao mesmo tempo, a oferta de energia competitiva e sustentável é um requisito para o crescimento e desenvolvimento do país. Trata-se de um grande desafio, tanto para o setor público, quanto para o privado. As condições para a sinergia público-privada estão dadas. O planejamento das instituições e empresas envolvidas na busca das melhores soluções para suprir a demanda por energia passa, necessariamente, pela escolha de uma determinada alternativa energética. Cada escolha envolve pesados investimentos, e seus efeitos sobre os padrões de produção e de uso ficam consolidados por muito tempo, condicionando o modelo produtivo do país. Ou seja, a transição para a economia de baixo carbono requer, além do desenvolvimento de novas tecnologias e da capacidade técnica para operá-las, de tempo e investimentos para torná-la viável.

A demanda crescente por energia, que se reflete na elevação de preços do petróleo, impulsiona o desenvolvimento de alternativas. Desse modelo, há espaço para fontes como eólica e biocombustíveis. Outro fator determinante é o aumento da pressão por recursos ambientalmente corretos, o que significa uma alteração na estrutura de custos da produção de energia.
A demanda por fontes limpas – e infelizmente ainda mais caras – deve se materializar em diferentes graduações nas economias nacionais, de acordo com a capacidade de interferência da opinião pública e também das condições de sua implementação.
A sustentabilidade das escolhas energéticas requer que não haja dependência em relação a uma fonte específica, mas sim uma diluição dos riscos de fornecimento, mediante a diversificação dos insumos energéticos. Em outras palavras, deve estar fundamentada em um planejamento energético a partir de um mix competitivo de fontes e de fornecedores.
Apesar do enorme potencial nacional, temos desafios a enfrentar, especificamente o custo de produção da energia renovável que no Brasil ainda é superior ao da energia termelétrica, e os custos socioambientais que fazem parte da nossa matriz “limpa”.
Oportunidade: construir uma matriz de longo prazo que contribua para redução de emissões Face às mudanças climáticas, o planejamento energético passa por duas estratégias, delineadas no Plano Nacional de Mudança Climática (PNMC), para reduzir emissões de gases de efeito estufa no setor energético: 1) substituir os combustíveis fósseis por outras fontes não-emissoras (hidrelétrica, eólica, solar e biomassa) e; 2) eficiência energética. O PNMC também analisa a participação dos biocombustíveis na matriz energética brasileira e ações de mitigação no setor de petróleo e gás.
As fontes renováveis de energia representam, de um lado, uma alternativa para a mitigação da mudança do clima global. De outro, por serem dependentes das condições climáticas, como os índices pluviométricos nas bacias, estão potencialmente sujeitas a impactos do próprio fenômeno que pretendem evitar. As mudanças climáticas estão fazendo com que o Brasil busque formas complementares de geração de energia para assegurar o seu abastecimento.
O setor energético brasileiro se destaca pela sua riqueza de oportunidades diante do desafio global das mudanças climáticas:
Biocombustíveis: O Brasil é o segundo maior produtor de etanol e, de longe, o que reúne mais condições para ampliar a oferta do produto.
Nuclear: Possui a sexta maior reserva de urânio e é um dos poucos que domina a tecnologia de enriquecimento para a geração de energia nuclear.
Hidrelétrica: Apenas 30% do potencial de geração hidrelétrica do país foi explorado.
Solar: Contém a maior área territorial dos trópicos com uma quantidade gigantesca de radiação solar.
Eólica: Devido ao seu regime de ventos, estima-se que existe um potencial de até 143 GW, praticamente inexplorados até o momento.
Biodiesel: Em função de sua diversidade de ecossistemas, permite um gama de possibilidades de oleaginosas para produção de biodiesel.
* Daniela Lerda é gestora da Unidade de Projetos Estratégicos e coordenadora do Programa Focus/Visão Brasil no Funbio

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