17 de fev. de 2012

Comissário de energia da UE pede apoio a pacote de infraestrutura energética

Nesta terça-feira (14), Guenther Oettinger, comissário de energia da União Europeia, pediu aos ministros de energia do bloco que apoiassem o pacote de €9,1 bilhões destinado à infraestrutura energética da UE. De acordo com Oettinger, a recente crise de frio evidenciou a necessidade de se investir mais para conectar as redes de energia europeias, e evitar a falta de eletricidade no continente.

O plano, lançado em outubro de 2011, é o primeiro de infraestrutura de energia a receber dinheiro, a ser gasto entre 2014 e 2020, para conectar as redes de transmissão de energia da Europa, e tem como objetivo aumentar a capacidade de armazenamento energético, melhorar o repasse de eletricidade entre os países e integrar as fontes renováveis.

“Depois de duas semanas e meia de um clima muito frio, chegamos à beira de uma falta de energia. Devemos ficar juntos como uma equipe. Estou pedindo a vocês não que tragam suas reservas, mas sim seu apoio geral, que pode ser crucial para nossa geração. Não podemos deixar de negociar os €9 bilhões que são necessários, porque €4 bilhões não vão funcionar”, observou o comissário.

Mas em tempo de recessão financeira, muitos dos políticos europeus acreditam que €9,1 bilhões é muito dinheiro para investir na infraestrutura energética do bloco, e se opõem à tentativa de coordenar as redes. Outros, no entanto, apoiam a decisão.

“Estamos dividindo as mesmas redes e a eletricidade não conhece nenhuma fronteira nacional. O que acontece em um canto da rede afeta todos na Europa”, disse um dos participantes à Euractiv. Segundo o oficial, é necessária uma “revolução cultural” para mudar as mentalidades de uma visão nacionalista para um interesse mais coletivo.

Oettinger enfatizou também que as conexões de energia do bloco ainda precisam se desenvolver muito, e que caso o continente não invista nisso, poderá não ser mais “levado a sério”.

“Quando se trata de redes de transmissão, particularmente para eletricidade e gás, ainda estamos vivendo em um mundo de principados do século XIX. Temos a crise do euro, a crise energética, uma crise econômica, e esse continente – isso significa vocês e eu – já não mereceria mais ser levado a sério.”

O comissário afirmou ainda que embora alguns países da UE, como a Alemanha, provavelmente não sejam beneficiados diretamente pelo pacote, algumas de suas empresas podem obter vantagens de uma infraestrutura mais interligada.

“Sabemos que grandes estados membros podem não precisar de cofinanciamento, mas são estes grandes estados membros que têm os grandes fornecedores de serviços. Então eles se beneficiarão da realização do mercado interno.”

Eficiência energética

Além do plano para uma maior ligação entre as redes energéticas europeias, outras medidas que visam à economia de eletricidade no bloco foram discutidas no encontro. Uma delas foi a diretiva da eficiência energética, questão que é prioridade na presidência dinamarquesa da EU, que durará até o final de junho.

A Dinamarca prioriza a criação de um acordo político que ajude o bloco a atingir sua meta de 20% na melhoria da eficiência energética até 2020. No entanto, qualquer que sejam as iniciativas aprovadas, os 27 países membros concordam que deve haver mais flexibilidade no cumprimento dessas medidas.

“Devemos manter um equilíbrio entre a meta comum de aumentar a eficiência energética por um lado, e a maior flexibilização possível para os estados membros na implementação disso”, argumentou Philipp Roesler, ministro da economia alemão.

Entretanto, alguns ambientalistas acreditam que tanto a flexibilização no cumprimento das metas de eficiência, que pode fazer com que apenas metade do objetivo seja cumprido, quanto a redução no investimento em infraestrutura energética podem colocar em perigo o progresso na redução do gasto de energia e no combate ao uso de combustíveis fósseis e às mudanças climáticas.

“Os ministros de energia da UE estão discutindo investimentos que ignoram descaradamente os objetivos climáticos de longo prazo da Europa. Priorizando a infraestrutura dos combustíveis fósseis, eles estarão colocando dinheiro em ativos ociosos no futuro”, alertou Frauke Thies, diretora de políticas energéticas do Greenpeace UE.

“Eles deveriam focar, em vez disso, em uma rede de eletricidade europeia mais forte que canalize uma quantidade crescente de renováveis limpas no sistema de energia, torne a rede de energia mais eficiente e reduza os custos.”

Até o final de junho, a UE deve dar os próximos passos para encaminhar suas questões energéticas. No dia 28 de fevereiro, o Parlamento Europeu deve entregar o rascunho do relatório sobre o pacote de infraestrutura energética do bloco. Em 22 de março, devem ser entregues as alterações do documento, e em 31 de maio, o relatório deve ser votado pelo Comitê de Indústria, Investigação e Energia (ITRE).


Autor: Jéssica Lipinski

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