2 de mai. de 2011

Crise nuclear do Japão lança dúvida sobre meta de emissão de CO2

A crise de segurança nuclear no Japão começou a suscitar dúvidas quanto à promessa do país de fazer reduções importantes em suas emissões de carbono até o fim da década, uma vez que as reduções propostas dependem fortemente dos planos de aumentar a geração de energia nuclear.


Embora Tóquio não tenha dito explicitamente que considera a hipótese de recuar em relação a sua meta para 2020 de reduzir as emissões de gases estufa em 25 por cento em relação a 1990, a desativação de pelo menos quatro reatores da usina danificada de Fukushima Daiichi e a incerteza pública em relação à construção de novos reatores podem obrigar o país a aumentar sua dependência de combustíveis fósseis para além do que havia sido previsto.

Os primeiros indícios de uma possível revisão das metas de redução de carbono de Tóquio emergiram em declarações de burocratas e políticos nos últimos dias.

‘É verdade que nossa meta de redução será afetada significativamente’, disse o vice-ministro do Meio Ambiente, Hideki Mihamikawa, a jornalistas em Bancoc no domingo, segundo o jornal Yomiuri.


Autoridades do governista Partido Democrático do Japão foram mais cautelosas, mas não excluíram a possibilidade de uma revisão da política nuclear atual e da meta de emissões para 2020.


‘Ainda não decidimos se vamos rever a meta e não estamos em um estágio em que possamos tomar essa decisão’, disse na segunda-feira o secretário-chefe do gabinete, Yukio Edano, o número 2 do governo do Japão.


Edano disse que o governo ainda precisa entender o impacto global da crise nuclear sobre uma série de setores econômicos e políticas, entre elas a das mudanças climáticas.


O secretário-geral do partido, Katsudya Okada, disse em coletiva de imprensa separada nesta segunda que pode ser necessário rever a meta para 2020, em função da forte dependência do Japão sobre a energia nuclear, mas que o governo não deve chegar a conclusões apressadas no momento em que ainda enfrenta uma emergência.


Mais nove reatores
Os cenários previstos pelo Ministério do Meio Ambiente para conseguir a redução de 25 por cento nas emissões de carbono são todos baseados em um plano do governo para acrescentar outros nove reatores nucleares comerciais até 2010, além dos 54 hoje em operação.


Mais de três semanas após um terremoto e tsunami devastadores no nordeste do Japão terem derrubado as fontes de eletricidade e os sistemas de resfriamento da usina nuclear de Fukushima Daiichi, pertencente à empresa Tepco, engenheiros continuam a trabalhar para resfriar os reatores e os tanques de combustível gasto e para conter vazamentos de radiação.


Os danos decorrentes do terremoto e tsunami e os altos níveis de radiação levaram ao fechamento do complexo inteiro de Fukushima, cujas duas usinas e dez reatores são responsáveis por um quinto da capacidade nuclear total do país.


Várias das dez produtoras de energia nuclear do Japão adiaram o reinício de operações de reatores parados para manutenção, para implementarem medidas adicionais de curto prazo para reforçar a segurança dos reatores.


Algumas das empresas também suspenderam temporariamente a construção de novos reatores, mas não houve alteração formal de planos, enquanto altos funcionários do governo vêm falando de uma revisão da política energética que pode incluir a promoção de fontes de energia renováveis.


Neste momento a meta de carbono para 2020 do Japão está estreitamente ligada a sua política energética pós-Fukushima, e nada ficará claro até que o governo, as empresas de energia e o público decidirem sobre o futuro da energia nuclear, disse Akihiro Sawa, membro executivo sênior do Instituto de Políticas Públicas do Século 21.


 
G1

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