19 de abr. de 2011

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

A Espanha quebrou um importante recorde em março de 2011 quando, pela primeira vez na história, gerou mais energia a partir do vento do que das demais fontes. A geração de 4.738 GWh eólicos no mês cobriu 21% da demanda, suficiente para abastecer 13 milhões de lares espanhóis e economizar 250 milhões de euros com importação de combustíveis fósseis e emissões de CO². Encerrando 2010 com uma potência eólica instalada de 20.676 MW e enfrentando momento econômico turbulento, os espanhóis dão exemplos de resiliência investindo localmente e reativando a rota dos descobrimentos, buscando mercados além mar.

A Europa avança nas tecnologias limpas para garantir a independência das energias fósseis. Exemplo de inovações acontecem em vários pontos no velho continente. Um deles é o de Güssing, um município austríaco de 27.000 habitantes. Na última década Güssing - antes totalmente dependente de energia fóssil, com custos anuais de US$ 9 milhões - tornou-se autossuficiente na produção de energia renovável para eletricidade, aquecimento e transporte partir do uso de recursos existentes na região como biomassa e resíduos sólidos urbanos.

Sessenta novas empresas e mais 1.500 novos "empregos verdes" foram criados, especialmente por pequenas empresas inovadoras, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em mais de 80%. Hoje, Güssing gera mais “energia limpa" do que necessita e fatura US$ 28 milhões por ano com a venda da sua energia excedente. Em dezembro de 2008, influenciada por essas exitosas iniciativas locais, a Áustria anunciou a meta de tornar-se independente de energia fóssil até 2050.

Melhorar a eficiência energética em todas as áreas tornou-se uma das maneiras mais rápidas e mais eficazes de gerar empregos e rendas, reduzindo as emissões de GEE. Na indústria da construção civil, por exemplo, 80% dos custos de um edifício, após a construção, vêem da energia. Diferente dos carros que começam a passar por inspeções para assegurar o cumprimento de normas limpas, os edifícios ainda não são obrigados a passar por check-ups de eficiência energética, o que acontecerá no futuro próximo, feito por consórcios de pequenas empresas capacitadas como produtoras de inovação.

Hoje, mais de 70 países do mundo desenvolvem energia eólica fazendo com que entre 2 mil e 2010 a capacidade global de geração de energia elétrica a partir do vendo pulasse de 17.000 megawatts para 200.000 megawatts. O estado do Texas, tradicional líder na produção de petróleo é, hoje, líder na geração de eletricidade do vento. Se todas as fazendas de vento ora projetadas forem concluídas, em 2025 o Texas terá 38.000 megawatts de capacidade de geração eólica, equivalente a 38 usinas de carvão, e satisfará 90% das necessidades de energia residencial para os 25 milhões de habitantes do estado.

Na China, o Programa de Energia Eólica, maior do que qualquer outro do mundo, constrói sete mega complexos de 10 a 38 gigawatts cada, em 30 diferentes províncias, quando prontos terão a capacidade total de 130 gigawatts.

Os questionamentos intermináveis sobre a urgência na adoção da eficiência energética estão sendo reduzidos pelos fatos e dados projetados na tela da realidade. Pesquisas estimam que só o potencial eólico no Brasil chegue a 143 gigawatts, mais de dez vezes o que é gerado pela usina de Itaipú. Segundo o Instituto de Pesquisas Energéticas e Ambientais da Alemanha, em 2008 o mercado de bens e serviços da eficiência energética movimentou globalmente uma economia de US$156 bilhões; em 2020 poderá passar para US$ 655 bilhões.

A parcela deste montante que ficará no Brasil e mais especificamente nas regiões brasileiras que mais avançarem na área, capacitando grandes e pequenas empresas e influenciando diretamente o desenvolvimento social, dependerá da visão, da competência e das ações concretas que governos, academia, corporações e a sociedade organizada consigam, efetivamente, realizar.



Eduardo Athayde - Eco Desenvolvimento

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