14 de set. de 2010

Reunião em Cancun será bem sucedida, afirma de Boer

Ex-presidente do braço climático da ONU acredita que a conferência do clima do fim do ano trará avanços, mas reconhece que os objetivos a serem alcançados deverão ser bem mais modestos do que os que foram discutidos em Copenhague

Depois de um período afastado dos holofotes, o ex-presidente do UNFCCC e hoje conselheiro da KPMG, o holandês Yvo de Boer voltou a aparecer na imprensa internacional afirmando que a próxima Conferência do Clima (COP16), no final do ano, em Cancun, México, deve alcançar seus objetivos.

Porém, para isso, é necessário entender o que realmente seriam os alvos da reunião.Segundo de Boer, o fundamental é a comunidade internacional decidir o que será o acordo climático global, seus instrumentos e obrigações. Questões como metas de redução de emissões de gases do efeito estufa não seriam mais tão importantes, pois parece inevitável que ficarão relegadas a decisões nacionais.

“Discussões sobre metas de cada país ficaram irrelevantes diante do contexto criado por Copenhague. Não acredito que veremos uma grande mudança no que já está sendo proposto por cada país individualmente”, explicou de Boer.As negociações climáticas vêm se arrastando nos últimos meses e poucos avanços vêm sendo conquistados.

Para o holandês, o importante agora seria fazer com que cada nação cumpra o que vem prometendo com relação a financiamento e cortes de emissões e não se preocupar com grandes ambições.

Muito da próxima COP dependerá do andamento da legislação climática nos Estados Unidos, que ultimamente não parece ter um futuro muito promissor. “Acho difícil que o país aprove esse tipo de lei nesse momento. Mas seria importante ter indicações de que a legislação irá sair do papel em breve”, afirmou o holandês.De Boer destacou também a importância da iniciativa privada como uma força para incentivar e promover o corte de emissões. Além disso, acredita que o momento em que as tecnologias limpas deixarão de ser vistas apenas como opções “da moda” para serem realmente lucrativas está muito próximo.

“O preço atual da eletricidade não torna atraentes tecnologias como a solar ou eólica. Mas bastaria esse preço subir minimamente ou o custo dessas iniciativas caírem um pouco – o que é inevitável -, que já teremos toda uma nova onda de investimentos nesse setor”, afirmou.OtimismoNa nova função de conselheiro da KPMG, de Boer parece estar mais à vontade para falar com a imprensa e suas opiniões sobre a COP 16 ecoaram em diversos jornais. Porém, até mesmo o liberal The Guardian considerou o holandês muito esperançoso.

“De Boer é no mínimo otimista ao chamar Cancun de sucesso se o que veremos lá serão compromissos enfraquecidos com relação à Copenhague e nada de metas”, escreveu Damian Carrington, editor de meio ambiente do jornal britânico. Também vale ressaltar que se a visão do ex-presidente do UNFCCC se confirmar e apenas mantivermos as promessas de corte de emissões já anunciadas por cada nação isso não será insuficiente para manter o aquecimento global abaixo dos 2˚C.

Segundo o Pew Center, as metas para 2020 assumidas pelos países desenvolvidos irão resultar num aumento de até 3,9˚C nas temperaturas e como conseqüência veremos com maior freqüência e intensidade os fenômenos climáticos extremos que tantos prejuízos já vem causando.

Carbono Brasil/Agencias Internacionais

Nenhum comentário: