27 de jun. de 2010

Um país limpo?

Apesar de ser considerado o quarto maior emissor de carbono, devido ao desmatamento, o Brasil se orgulha de ter uma matriz energética limpa. A baixa contribuição para as emissões de GEE do setor energético brasileiro é resultado de opções feitas ao longo das últimas décadas com o uso da hidroeletricidade.

Dados do Ministério de Minas e Energia dão uma idéia concisa da Oferta Interna de Energia (OIE) e revelam que o aumento na demanda total por energia se deu com incremento no uso das fontes renováveis (hidráulica, biomassa e outras).

Em 2007, houve crescimento de 7,2% nesse tipo de energia, contra o crescimento de 3,9% das não-renováveis (petróleo e derivados, gás natural,carvão mineral e urânio). Com isso, a energia renovável passou a representar 45,8% da matriz energética brasileira naquele ano.

Contraditoriamente, o Plano Decenal de Expansão da Energia 2008-2017 prevê aumento da produção energética a partir da construção de usinas termoelétricas, o que irá triplicar a quantidade de carbono emitida por esse tipo de fonte de energia.

As hidrelétricas e o carvão
É preciso destacar que as hidrelétricas, embora sejam consideradas fontes de energia limpa, são alvos de críticas de movimentos sociais e ambientalistas. Elas podem causar grande impacto ambiental e social. Somente Itaipu, por exemplo, alagou uma área de 1.350 quilômetros quadrados. Já a usina de Tucuruí, no Amazonas, colocou 2.430 quilômetros quadrados de floresta Amazônica debaixo d'água, uma área equivalente a 607 campos de futebol.

Mais recentemente, a construção das hidrelétricas Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira, em Rondônia; e Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará foram alvos de inúmeros embates entre os ministérios do Meio Ambiente/Ibama e organizações da sociedade civil com a Casa Civil da Presidência da República, Ministério das Minas e Energia e setor empresarial.

Além da perda da biodiversidade, comunidades inteiras são obrigadas a migrar. Não há estimativas oficiais, mas de acordo com o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) o número de indivíduos atingidos no país chega a um milhão, dos quais cerca de 70% nunca teria recebido nenhum tipo de compensação, seja em forma de projetos de reassentamento ou de indenização financeira.

Para Ricardo Montagner, membro da coordenação nacional do MAB, o número de afetados pode crescer consideravelmente em pouco tempo, levando-se em conta novos projetos previstos pelo governo federal. “Calculamos que cerca de 100 mil famílias devem ser atingidas nos próximos três ou quatro anos”, revela.

Assim, as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) que são usinas hidrelétricas convencionais de pequeno porte, são apontadas como uma das principais energias alternativas a se expandirem no Brasil.

O carvão vegetal também apresenta vários impactos em sua cadeia produtiva. Pois cerca de 49% da matéria-prima usada na obtenção de carvão vegetal em nosso País têm origem na mata nativa, de forma ilegal. Sem falar que os fornos mais comuns, de alvenaria, poluem o meio ambiente e, ainda, causam doenças respiratórias, cegueira e problemas cardíacos aos trabalhadores e à população no entorno desses locais. Há também sérios problemas envolvendo até mesmo com trabalho escravo, além de trabalho infantil.
(mudanças climáticas)

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