8 de jul. de 2011

Investimentos em energia limpa crescem 32% em 2010

PNUMA aponta que US$ 211 bilhões foram destinados para renováveis, com destaque para usinas eólicas na China que ajudaram os países emergentes a aportarem pela primeira vez uma quantidade maior de novos recursos do que as nações ricas


O ano de 2010 registrou uma forte alta nos investimento em energias limpas, alcançando um recorde de US$ 211 bilhões, 32% a mais do que os US$ 160 bilhões de 2009 e um crescimento de 540% desde 2004, de acordo com o relatório Tendências Globais nos Investimentos em Energia Renovável 2011, publicado nesta sexta-feira (8) pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

Além desse forte crescimento, o documento constatou que pela primeira vez na história os países em desenvolvimento ficaram à frente das nações mais ricas na questão dos novos investimentos, com US$ 72 bilhões contra US$ 70 bilhões.

A China aparece como o maior receptor de recursos com US$ 48,9 bilhões, um aumento de 28% com relação a 2009, devido, principalmente, às grandes usinas eólicas que estão sendo construídas por todo o país.

O relatório reconhece crescimento em praticamente todas as nações emergentes, como a América do Sul e Central alcançando US$ 13,1 bilhões, alta de 39%, o Oriente Médio e África com US$ 5 bilhões, 109%, e a Índia com US$ 3,8 bilhões, 25%.

O Brasil surge como exceção, com os investimentos caindo 5% para US$ 6,9 bilhões. O PNUMA explica que isto não significa falta de atividade no mercado, apenas que a atenção estava voltada para questões como aquisições e fusões, como o caso da Shell e Cosan, que formaram a joint venture Raizen.

Mas mesmo que a queda dos investimentos, o país pode comemorar o maior interesse no setor eólico, que realizou leilões com sucesso e recebeu US$ 2,4 bilhões no ano passado em novos investimentos, uma alta de 10%.

Também a Europa registrou declínio nos novos investimentos, caindo 22% para US$ 35,2 bilhões. Porém, isto teria sido compensado pela multiplicação de projetos de pequena escala, como telhados solares.

“O boom da energia solar de pequena escala se deve bastante as tarifas feed-in, principalmente na Alemanha. Além disso, houve uma queda significativa nos custos dos módulos de painéis fotovoltaicos”, explica Michael Liebreich, presidente da Bloomberg New Energy Finance, que contribuiu para a elaboração do relatório.

Os investimentos na Alemanha em “geração distribuída de pequeno porte” cresceram 132% para US$ 34 bilhões, na Itália essa alta foi de 50% para US$ 5,5 bilhões, na França 150% com US$ 2,7 bilhões e na República Tcheca 163% e US$ 2,3 bilhões.

Longo Prazo
Outro ponto positivo destacado pelo relatório foi o crescimento dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento, o que sugere que as renováveis devem ocupar uma posição estratégica no futuro. O aumento nessa categoria foi de 120%, passando dos US$ 5 bilhões.

“O crescimento contínuo desse segmento base da economia verde não está acontecendo por acaso. A combinação entre apoio público e fundos de estímulo está facilitando a expansão das fontes limpas e trazendo a tão necessária transformação do sistema de energia global”, afirmou Achim Steiner, diretor executivo do PNUMA.

De acordo com o relatório, os números positivos ganham ainda mais relevância se for considerado o cenário econômico mundial. Em 2010 o mundo ainda estava se recuperando lentamente da crise financeira e mesmo assim os investidores não desistiram de acreditar nas renováveis.

“Esse comprometimento com as energias limpas demonstra que existe uma grande confiança de que elas oferecem boas oportunidades de negócios”, disse Udo Steffens, presidente da Frankfurt School of Finance and Management, que também participou da pesquisa.

Segundo Steiner, o cenário para os próximos anos é extremamente positivo, com eventos importantes podendo servir de plataforma para impulsionar ainda mais as renováveis.

“A Conferência do Clima na África do Sul e a Rio+20 no Brasil marcam grandes oportunidades para acelerar a transição para uma economia de baixo carbono, com a capacidade de desenvolver um crescimento sustentável que ajude na erradicação da pobreza”, concluiu.



Autor: Fabiano Ávila - Fonte: Instituto CarbonoBrasil/PNUMA

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