15 de mar. de 2011

Energias limpas registram rendimentos de US$ 188bi

A expansão dos lucros das indústrias de renováveis até 2010 foi muito mais rápida do que a prevista por especialistas e a atual procura por ações dessas empresas, por causa da crise nuclear, projetam um 2011 ainda melhor


A tragédia natural no Japão, que assumiu agora os contornos de uma crise nuclear com o vazamento de material radioativo da usina de Fukushima, está fazendo com que as ações de empresas de energias renováveis sejam muito atrativas para os investidores, o que deve resultar em um crescimento recorde no setor em 2011.

Não que as indústrias solar fotovoltaica (PV), eólica e de biocombustível estivessem atravessando um momento ruim. Muito pelo contrário. Segundo o relatório Clean Energy Trends 2011, divulgado nessa segunda-feira (14) pela consultoria norte-americana Clean Edge, esse setor apresentou em 2010 uma alta de 35,2%nos seus rendimentos, chegando a marca dos US$ 188,1 bilhões.

O relatório, em sua décima edição, mostra que ao longo da última década as energias solar PV e eólica registraram um crescimento médio de 30% a 40%, respectivamente. Uma alta muito além do que as primeiras edições do estudo imaginavam.

Há 10 anos, a Clean Edge previu que a energia solar iria passar de um mercado de US$ 2,5 bilhões para US$ 23,5 bilhões em 2010 e o eólico iria aumentar de US$ 4 bilhões para US$ 43,5 bilhões. Mas estas previsões, consideradas otimistas na época, acabaram se mostrando muito inferiores à realidade, com a energia solar PV subindo cerca de 300% e a eólica 50% além das estimativas.

“Na última década testemunhamos as energias limpas se transformando em grandes oportunidades de negócios e hoje suas taxas de crescimento estão no mesmo patamar daquelas apresentadas por outras revoluções tecnológicas, como a telefonia, computadores e Internet”, explicou Ron Pernick, um dos fundadores da Clean Edge.

Segundo dados do relatório, o mercado global de energia solar PV expandiu de US$ 2,5 bilhões em 2000 para US$ 71,2 bilhões em 2010, representando um aumento de 39,8%.

Por sua vez a energia eólica passou de US$ 4,5 bilhões em 2000 para US$ 60,5 bilhões, uma alta de 29,7%.

Os biocombustíveis (etanol e biodiesel) chegaram a marca de US$ 56,4 bilhões no ano passado e devem alcançar US$ 112,8 bilhões até 2020. A produção de biocombustíveis em 2010 foi de 102 bilhões de litros, bem acima dos 87 bilhões de 2009.

“Nós esperamos uma desaceleração no crescimento das renováveis assim que elas alcançarem uma maior fatia do mercado nos próximos anos, mas ainda existe uma grande margem para expansão”, concluiu Pernick.

Ações em Alta

O relatório da Clean Edge foi produzido antes dos acontecimentos recentes no Japão, caso contrário possivelmente apostaria em um crescimento recorde das energias renováveis.

As preocupações com a segurança de instalações nucleares estão levando diversos países a reverem seus planos de expansão para esse tipo de energia, o que, por consequência, derrubou as ações de empresas ligadas ao setor.

As ações da Toshiba Corp, que é proprietária da companhia de construção de usinas Westinghouse, caíram 19,46%. A General Eletric, que também possui grandes investimentos na tecnologia nuclear, fechou a segunda-feira com uma queda de 4,1% no mercado norte-americano.

Já as empresas de energias renováveis apresentaram fortes altas por todo o mundo. No momento, as cinco melhores ações do índice alemão de tecnologia (TECDAX) pertencem a empresas do setor. A Conergy registrou a maior alta, chegando a 71%. SolarWorld, SMA Solar, Q-Cells e Nordex fecharam com altas entre 10% a 23%. Já a Vestas Wind Systems subiu 7,4% na bolsa de Copenhague.

Diante de toda essa procura dos investidores e com as possíveis alterações nos planos energéticos das nações – que também estão preocupadas com o aumento do preço do barril de petróleo devido à instabilidade no Oriente Médio - parece certo que teremos um novo boom das energias renováveis neste ano.

Autor: Fabiano Ávila

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