24 de jan. de 2011

Empire State Building compra energia limpa


Depois de passar por uma reforma de 20 milhões de dólares que diminuiu em 40% o seu gasto com eletricidade, o ícone nova-iorquino dos arranha-céus deve se tornar o maior comprador de energia verde de Nova York. Os administradores do prédio assinaram um contrato de dois anos com a Green Mountain Energy que prevê a compra de 55 milhões kilowatt/hora de energia eólica por ano — valor que corresponde ao consumo anual do edifício.

Isso, no entanto, não quer dizer que a energia utilizada para abastecer os 102 andares do imóvel seja proveniente de fontes limpas. O objetivo é alcançado indiretamente, por meio da aquisição de Certificados de Energia Renovável (REC, na sigla em inglês), documentos vendidos pelas próprias companhias de recursos energéticos que garantem a geração de uma determinada quantidade de energia limpa destinada à rede elétrica.

Depois que chegam às redes de distribuição, tanto a força gerada a partir de fontes não-renováveis quanto a de fontes limpas são misturadas, sem que possam ser diferenciadas.

Justamente por poder ser comercializados separados da energia física, os RECs garantem mais flexibilidade aos geradores de energia renovável, já que o consumidor pode adquirir energia verde mesmo que não exista um fornecedor em sua região. É como se ele compensasse o seu consumo de energia, seja qual for a fonte, pagando por energia limpa em algum outro lugar, aumentando a parcela da renovável no total gerado.

O sistema acaba por reduzir a demanda pela geração de eletricidade a partir de combustíveis fósseis, e, na sequência, também corta as emissões de carbono. No caso do Empire State Building, estima-se que a compra de certificados de energia eólica em valor equivalente ao do seu consumo energético anual deverá evitar a emissão de 45 mil toneladas de dióxido de carbono por ano, resultado semelhante ao que seria obtido com o plantio de 150 mil árvores na cidade ou com a redução de 40 milhões de viagens de táxi.

A compra de RECs está se tornando cada vez mais comum nos Estados Unidos entre empresas e instituições que querem ter práticas mais sustentáveis.

A Intel, por exemplo, compra o equivalente a 1.4 bilhões de kilowatt/hora por ano em certificados — valor que corresponde à metade do seu consumo energético anual. Além de ser a maior compradora de energia renovável do país, a empresa utiliza sistemas de captação de energia solar em vários dos seus escritórios.

Por meio da combinação de RECs com o investimento em produtos de utilidade verde, a Pearson, gigante do mercado editorial internacional dona de veículos como o Financial Times e da editora Penguin Books, aumentou sua compra de energia limpa de quase 2 milhões para 157 milhões de kilowatt/hora de 2004 para cá — quantidade suficiente para cobrir todas as suas operações nos Estados Unidos.

No entanto, o alto custo desse tipo de iniciativa ainda é o maior desafio para a sua expansão.

De janeiro a setembro do ano passado, o número de novos projetos de geração eólica nos Estados Unidos caiu 72% em relação ao mesmo período de 2009, segundo a Associação Americana de Energia Eólica. Por conta do baixo preço do gás natural e de outros combustíveis fósseis, acordos de compra de energia renovável foram adiados ou cancelados em diversos estados, como Flórida, Idaho e Kentucky e Virginia, mas a expectativa é de que os preços da tecnologia limpa fiquem mais atraentes conforme ela amadureça.

Por Luana Caires

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