1 de nov. de 2010

Mudanças na Cidade

As mudanças climáticas vão ampliar a magnitude dos efeitos causados por eventos extremos com maior impacto sobre as áreas mais pobres dos grandes centros urbanos. O que parece um discurso alarmista é, na verdade, a síntese de um amplo estudo (“Vulnerabilidade das megacidades brasileiras às mudanças climáticas”), cujas conclusões ainda preliminares foram apresentadas no mês passado.

Produzida por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em parceria com outras instituições científicas, a pesquisa estará concluída em agosto. Os especialistas abordam os desafios das duas maiores regiões metropolitanas do país – São Paulo e Rio de Janeiro – para enfrentar o novo cenário climático.

No mundo, 3,3 bilhões de pessoas vivem em cidades. No Brasil, 80% das habitantes estão concentrados em áreas urbanas. As regiões metropolitanas do Rio, com 11 milhões de habitantes distribuídos em 17 municípios, e de São Paulo, onde vivem 20 milhões de pessoas em 39 cidades, sofrem do mesmo mal: supressão da vegetação e o aumento da impermeabilização do solo, dois ingredientes poderosos para provocar deslizamentos de encostas e inundações.

O Rio de Janeiro, espremido entre o mar e a montanha, e São Paulo, às margens da bacia dos rios Pinheiros e Tietê, tendem a sofrer mais com o aumento da temperatura média do planeta, com a elevação do nível do mar e os inevitáveis temporais. Durante o recente encontro sobre cidades e mudanças climáticas, também foi apresentada uma pesquisa do Instituto Market Analysis sobre como a população carioca vê a cidade onde vive.

Na avaliação geral dos pesquisadores, os cariocas estão otimistas com o futuro. Contudo, quando indagados sobre os problemas do cotidiano, essa tendência se inverte. Expressiva maioria – em alguns casos chegando a ultrapassar os 70% - considera que a vida na cidade piorou em itens como mudanças do clima, enchentes, deslizamentos, transporte/trânsito e fornecimento de energia. A sensação de pessimismo está contida nos dois grupos de entrevistados.

O estudo dos especialistas e a pesquisa de opinião (ambos disponíveis aqui) são ferramentas importantes para o trabalhar nossa estratégia de desenvolvimento. Em especial, em uma cidade como o Rio, que pode ser extremamente beneficiada por ser um dos núcleos principais da Copa do Mundo de 2014 e por sediar os Jogos Olímpicos de 2016.

Marcos Bicudo (CEBDS)

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